"Toda manhã
sinto que eu
acordo atrasada
sem tempo para nada
corro mas, não olho para trás
escureceu dar medo ver que eu não posso mais voltar...."
Sentia-se
como um peixe fora d'agua, não havia melhor expressão para definir-la. De fato
estava ficando sem ar, morrendo aos pouquinhos, pensando qual seria seu ultimo
suspiro. Seu coração não estava acelerado, sua mão não tremia, porém, lágrimas
percorriam seu rosto enquanto escrevia. Ao mesmo tempo se perguntava se tudo
aquilo era real, não a caneta, a folha, as lágrimas que percorriam seu rosto
mas os seus sentimentos. e isso a deixava fora d'agua. Todos pareciam sentir
tão claro e tão limpo os mais diversos sentimentos, mas ela não. Quando pensava
que era amor, paixão, raiva, ódio não passava de um mero reflexo do corpo,
emitido pelo cérebro. Quando se permitia sentir, vozes em sua cabeça gritavam
"sua falsa" e logo tudo ficava cinza.
Seu
mal era raciocinar demais. Buscar contas matemáticas para resolver seus
dilemas, equações para traduzir gritos. Seu mal era a falta de poesia, as
explicações, os pontos finais. Seu mal estava em relembrar o passado, em remoer
velhas palavras que foram ditas no momento errado ou mal interpretadas. Seu mal
era esperar, esperar que o amor chegasse até ela, que o bem chegasse até ela e
enquanto isso ficava ali parada.
Gritos
internos e externos, todos os dias.
Incompreensões,
dores, mal estar. Aceitava tudo que lhe diziam e esse era mais um de seus maus.
As pessoas lhe determinavam quem ela devia ser e ela aceitou cada uma, desde
tenra idade. Agora, para modificar, iria demorar tanto.. como se livrar de
velhos erros? Velhos pensamentos? Velhos defeitos? Sendo a maioria imposta
pelas outras pessoas. Como lidar com apelidos mal colocados, com o fato de não
se aceitar de fato... como lidar com o medo, o terror, o sofrimento?
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