A outra metade

Que o medo da solidão se afaste
E o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável
Que o espelho reflita meu rosto num doce sorriso
Que me lembro ter dado na infância
Pois metade de mim é a lembrança do que fui
A outra metade não sei
Oswaldo Montenegro - Metade


Quantas vezes as dores internas se fizeram maior?
Quantas vezes eu chorei quando nem mais sabia o motivo?

Caros leitores, não é fácil o convívio consigo mesmo, o que dificulta com a humanidade
. Muitos de nós pensamos que o problema está no outro, no próximo, no vizinho que coloca a musica muito alta ou no professor que não te passa por 0,1 décimo de ponto.
Buscamos modificar nos outros aquilo que não conseguimos na gente.  Identificamos os erros dos demais quando não olhamos para os nossos e quando invertemos o olhar percebemos o quão falho, frágil e incapaz que somos.
Somos um controverso. Metades e metades contrárias uma a outra que vão se completando e nos formando. O problema está quando uma sobrepõe à outra.
Eu me vejo num dilema entre ser o que quero ser, o que posso ser e o que me cobram que eu seja e nenhuma é forte ou me traduz o suficiente.

Quantas vezes me entreguei?

Dilema. A outra metade de mim é depressiva, que se entrega, que escreve numa agenda simples os seus maiores medos e receios e historias, sentimentos que jamais existirão em forma de poesia, ou a tentativa dela. Essa metade prevalece em dias sozinhos, dias frios. Prevalece quando vejo outros caminhando e eu ficando na mesma, prevalece quando eu vejo que eu mudei mas não poderia. Essa outra metade prevalece toda vez que tenho que tomar uma decisão e agora está no meu futuro, tentando decidir por ele. Prevalece todas as vezes que eu a deixo prevalecer.
Mas ela é apenas a outra metade, a que não devo deixar crescer. Está na minha natureza ser um tanto depressiva.


Metade de mim é depressão mas a outra metade é luta.

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