Perdemos muitas historias

J. de 30 anos, ela me mostra a foto de uma criança e 
me fala que "desde os 22 anos quero engravidar, 
disseram que eu era estéreo e praticamente 9 anos 
depois eu tenho o meu filho de 11 meses".

Arigeli (acredito que seu nome não seja assim, não compreendi direito), 
21 anos. Ela perguntou se eu estava em processo de 
transição do meu cabelo, por ele ser bem curto. 
Eu disse que não e ela me contou que tanto ela 
como sua irmã estavam no processo de transição capilar.


Esses dois exemplos me recordaram algo que eu sempre pensava quando via aquela multidão de gente na rodoviária ou dentro do ônibus: Quantas historias, quantos mundos cada uma daquelas pessoas leva consigo. Muitas indo trabalhar, outras voltando, indo para escola, curso ou procurando um rumo da vida... Pessoas tristes, que querem gritar, que estão com raiva, decepcionadas em todas as maneiras mas outras felizes, alegres com mais um dia, dispostas a mudar o rumo da sua vida.






E no meio daquilo tudo eu estava ali observando. Também carregando meu mundo de emoções do qual somente eu sabia e que por muitas vezes quis contar a outros, tantos outros, mesmos desconhecidos. Escrevendo esse texto me lembro de uma outra senhora que nunca soube o nome, ela precisava falar sobre algo que aconteceu na casa de família do qual trabalhava. Simplesmente quando há olhei ela começou a contar sobre o que havia acontecido.


A sociedade precisa ser ouvida.




Muitas pessoas querem desabafar, dizer o que sente, tirar do coração aquilo que tanto a incomoda e infelizmente nós estamos tão preocupados com os nossos problemas, nossos celulares, que não damos vazão para outros acontecimentos, para olhar as outras pessoas, escutá-la, tentar entendê-la. As pessoas não querem solução para o caso e sim que elas possam conta-las... quantas e quantas vezes seja necessário para que assim procurem e encontrem as brechas que apontam a solução do problema.
E toda vez que não damos margem para escutar o outro, perdemos historias, oportunidades de crescer e principalmente perdemos a oportunidade de contar a nossas historias.


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