Eduardo

(Aos meus amigos chamado Eduardo, não me refiro a vocês. Mas amo-os.)


 Você, Lord Byron, é inteligente também, mas uma inteligencia fina,
penetrante, como aço, como uma espada. Ao contrário de mim, 
você é capaz de se fazer amado do que de amar. 
Sua lógica é irresistível, mas impiedosa, irritante. 
É desses remédios que matam a doença e o doente. 
Você tem sentimento poético, e muito - no entanto é 
incapaz de escrever um verso que preste.





Estava no ônibus e entre minhas reflexões e distorções da realidade me veio a lembrança de um personagem, chamado Eduardo, em um dos livros que mais amo: O Encontro Marcado de Fernando Sabino (se você não o leu PELO AMOR DE DEUS FAÇA ISSO). É claro que a lembrança desse personagem foi mais além do que uma breve memória.
Eduardo é o personagem principal da trama, que vai mostrando seu relacionamento com os pais, os melhores amigos, Mauro e Hugo, e sua vida profissional como um todo. Desde criança sempre foi um destaque no que fizesse, seja na escrita até nos campeonatos de natação, mas nunca levou nada muito adiante, sempre terminava as coisas, mudava. Eu interpretava esse personagem com a ânsia de recomeço, na necessidade de se ver em algo que fosse diferente do que estava ocorrendo.
Sempre me comparei a ele, nesse aspecto de querer mudar-se, ser diferente, agir diferente, se auto afirmar e mostrar que é capaz mas não levar nada adiante. A alguns anos atrás (pouquíssimo) eu me considerava assim.
Mas hoje (01), pensando em Eduardo vejo que ele não necessitava de mudança, não estava desesperado por ver-se diferente e largar tudo. Ele só fazia o que esperavam dele, só fazia o que a sociedade queria dele. Sempre esperaram que ele fosse o melhor, quando na escrita ele se dedicou ao máximo para suprir as expectativas de todos ao seu redor, ganhando prêmios. Quando começou a nadar e todos perceberam que ele tinha alguma tendência a se dar bem, todos cobraram de Eduardo, para que ele fosse o melhor.
O fato dele mudar, querer coisas novas, não é exatamente por que ele queria se reformar, mas por que a sociedade esperava demais dele. A sociedade da qual ele estava inserido esperava que ele se superasse, colocavam sobre ele tudo aquilo que eles próprios não conseguiriam fazer.
O livro mostra o conflito de Eduardo com as coisas, ele mesmo compreende a sua necessidade de mudança. Ele se frustra por como as coisas estão indo. Mas a frustração não é dele, não das coisas estarem indo ruins, porém, pelo fato dele não sentir que não estar correspondendo os desejos de outras pessoas. Ele leva o peso de suas ações que sabe que não vai agradar ninguém e leva o peso das frustrações de todos que esperavam algo dele.
Apesar de ser um livro, nossa sociedade não foge a isso. Nos cobram, nos maltrata e reza para que a gente obedeça os critérios deles. Se discordamos, se tomamos outros rumos, estamos sendo revoltados. Iremos sofrer sem dinheiro, sem casa, sem emprego, por que essa é nosso futuro por não obedecer o que eles querem. Se agirmos como eles querem, nos frustramos por ele e por nós.
A sociedade é cruel. Foi cruel com Eduardo, é cruel conosco.
Para não finalizar, deixo com vocês um vídeo que vi hoje de um dos melhores Youtuber desse país. Para não finalizar por que devemos pensar como a sociedade estar agindo sobre nós.. de como estar nos influenciando, nos cobrando, nos matando, nos transformando em máquinas.




Comentários