Em
um reino muito distante vivia um rei e uma rainha considerados muito justos por
todos de seu reinado. Não havia ninguém que pudesse contrariá-los devido a
grande bondade que tinham. Não tinham filhos, herdeiros e isso era a única
coisa que os preocupavam, mesmo assim, tinham fé que aconteceria algum milagre.
Certa
vez, a empregada do grande castelo que viviam o rei e a rainha, percebendo um
som peculiar foi até a porta dos fundos e se surpreendeu com um bebê. Imediatamente
socorreu a pequena e foi ao encontro dos reis e os contou tudo que sabia. O rei
e a rainha logo entenderam que aquilo era o milagre que tanto desejavam, enfim
teriam uma herdeira.
Os
comandantes do reinado logo providenciaram uma grande festa, convocaram todos
outros reis e rainhas, todas as fadas e elfos, todos os habitantes daquele
lugar. No dia da festa, todos estavam ansiosos para conhecer a pequena
princesa. Quando o rei e a rainha a anunciaram a exclamação foi total, olhos
surpresos e questionadores, um tanto cruel, acima daquela pequena princesa.
-
Seu nome é Aribela.
Anunciou
o rei.
Todos
esconderem suas feições e seus desgostos colocaram risos no lugar e demostraram
falsamente ao rei e a rainha o quanto tinham amado a pequena princesa.
Aguardaram
os presentes das fadas ansiosamente, para também poderem ter em outra coisa a
pensar. A primeira chegou, um pouco nervosa, e concedeu um presente:
-
Concedo o dom da beleza a sua filha, que ela seja igual a todos, para que não
sofra nenhum tipo de preconceito. Melhor que vivas como igual.
A
segunda fada chegou e disse:
-
Concedo o dom da fala doce e tranquila, para que não se revoltes em discursões
sem fim e que concorde com todos a fim de que todos a ame.
A
terceira fada chegou e disse:
-
lhe concedo o dom do desconhecido, para que vivas sempre alegres sem se
importar com coisas inúteis.
Outras
fadas vieram e lhe concederam dons muito parecidos. A rainha não entendia muito
bem aqueles dons, lhe pareceram um tanto cruéis se comparado com tantos outros
que já havia presenciado. O rei não ligou, estava feliz com o fato de ter uma
herdeira.
A
princesa cresceu linda e bela, igual a todos. Seus cabelos deveriam ser
cacheados e longos, todavia, por algum motivo sempre que saía na rua seu cabelo
se tornava lisos e curtos, assim como seu tom de pele. Sua cor se modificava,
não perdia a tonalidade que tinha, contudo, ficava mais “aceitável” para os
outros, um tom mais claro do que ela realmente via. E ela não gostava nada
disso e se via em duvidas sobre quem realmente era, de tão inteligente,
percebeu isso muito cedo, mais cedo do que qualquer jovem poderia perceber.
Quando
queria dizer a todos algo que lhe interessava, em sua mente se formava frases
mas da boca saía outras informações, informações das quais todos que ouviam
gostava, agradava os demais mas nada agradava a ela.
Quando
passeava com sua família, via muitos olhares tão diferentes para si, lhe davam
nomes e lhe comparava a tantas coisas, mas, nada entendia... Era com palavras
confusas, que não compreendia muito bem, mas como todos riam após dizê-las, ria
também e aceitava. Tinha o dom do desconhecido.

Resolveu
encontrar meios de promover seu encontro com o príncipe. Seguindo a história
das antigas princesas, resolveu optar pela primeira opção. Foi a um grande
baile, esperou ver algum príncipe e esperou que ele se interessasse por ela,
mas nenhum se interessou. Ninguém a via, parecia que estava invisível mesmo ela
estando muito mais bonita que qualquer uma ali, seja uma aldeiam ou outra
princesa. Ao fim, desistiu e resolveu ir embora daquela festa, não foi sem
antes deixar um sapatinho no meio da escada na esperança de alguém buscar a
quem pertencia. Depois de um tempo sem nenhuma resposta, percebeu que talvez o
sapatinho devesse ter sido de cristal.
Após
um tempo, reformulou suas esperanças e buscou outra opção. Talvez devesse ser
diferente, assim como falar com os animais. Começou então a fazer isso,
contudo, todos a achavam estranha e louca. Logo desistiu.
Tinha
outras princesas mas não era sereia e já tinha pernas, tentou por outras
opções. Foi até a floresta e buscou uma fera, com a esperança dele ser um
príncipe, no fim só era uma fera que a maltratou. Em outra ocasião ficou no
caminho mais estranho da floresta, talvez seu príncipe estivesse cavalgando por
aí, somente encontrou um príncipe um tanto vulgar que lhe forçou um beijo longo
e amedrontador. De repente ele, o príncipe encantado, poderia ser um bandido, assim como na mais
lindas das histórias que escutou, mas depois da fera tão cruel e do príncipe
vulgar, não queria saber de bandidos.
Talvez
seria o príncipe um sapo. Não queria sapos e muito menos transformações, queria
um príncipe.
Estava
cansada de esperar, tentou focar em outros aspectos como seus estudos, mas
todos diziam que ela era uma princesa então deveria ter um príncipe ao seu
lado. Diziam que o momento certo ia chegar, que encontraria alguém, tudo no seu
tempo, a pessoa certa estaria ali esperando por ela. Só que ela já tinha
chegado a conclusão de que aquele não era seu conto de fadas, que isso não
ocorreria com ela, ela era diferente, tanto pele, cabelo e ser. Não nasceu para
ser princesa, foi ironia do destino. Apesar do destino tê-la mostrado um mundo
mágico, aquele, claramente, não era seu lugar por que ninguém a queria ali, a
não ser, talvez, pelos seus pais.
No
fim, num dia de alguma esperança, encontrou uma ultima opção que talvez poderia
dar certo, se não desse ao menos a tiraria do sofrimento. Foi a torre mais
longe, tomou algo que a deixaria dormindo até o beijo de um amor verdadeiro, de
um príncipe, e deitou. Uma ultima lágrima a abençoou naquele momento, ela sabia
qual era o seu fim.
Nunca
mais despertou.
Instagram: @smribeiro_
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