Eu sou nuvem passageira...

De repente eu me observei. Olhei para mim e vi que sou além dessa imagem feita, pré-concebida, essa aparência que eu julgo e sou julgada e que estou tentando amar. Eu sou mais que os olhos de outrem e mais que os meus próprios olhos.
Nesse olhar, comecei a reparar o que eu gosto, o que eu não gosto e o que eu poderia gostar. Reparei nas minhas manias, no meu corpo por qual eu luto a amar. Reparei no meu espírito, que segue outras definições que não são essas visuais. Reparei que eu gosto das nuvens.
Reparei que passo um bom tempo olhando-as, imaginando suas formas, questionando como algo tão visível, como algo que parece ser tão sólido não é, infelizmente não é.
Não seriamos assim? Será que a nossa definição é somente esse corpo, tocável, sólido, vulnerável e nada mais? Só essa visão distanciada e limitada do que é, do que realmente é? Somos somente uma versão material que nasce, cresce e morre? Não existe nada além, nada antes, nada depois?
Definir minha existência como somente um corpo que se movimenta, uma conjunção de órgãos, artéria, sangue, matéria é limitar quem eu sou. 

Eu sou nuvem. 

Eu sou nuvem que se modela, que muda a direção, que sofre com o vento, o vento de boas e más coisas. Eu sou nuvem que de acordo com o olhar terá novas versões de si mesmo.

Eu sou nuvem e por isso hoje eu estou aqui, o que não significa que será para sempre.

Eu sou nuvem no sentido que parece forte, estável, mas que se modifica, muda, se torna e retorna, que sofre... que chora.

Eu sou nuvem passageira e não tenho problema em ser assim. Não tenho problemas com mudanças, com os ventos que por mim passam. Não tenho problema com outros olhares
e o que eles pensam sobre mim, é a visão deles não minha.
Eu sou nuvem,

eu sou feliz.

instagram: @smribeiro21


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