Os poemas eram pra mim.

Um dia despertei, meu dia foi normal e claro que conflitos apareceram. Mas, diferentemente de outros momentos da minha vida em que lágrimas eram suficiente para me salvar, dessa vez não estava conseguindo. Sentei , peguei uma caneta, uma folha escrevi. Contudo as frases não iam até o final da linha, na metade já estavam  pulando automaticamente para a outra. Um alívio no coração ocorreu, mas ora... era uma poesia de amor. Como? Meu coração não estava partido por nenhum crush, o que eu sentia não era aquilo, mas aquilo que não entendia, ajudou.
Depois de um tempo, mais uma vez meu coração se preencheu de dor. Tava sofrendo. como no novo costume, peguei meu caderno, minha caneta... nada saiu. Nenhuma palavra. Olhei para o meu violão e lá encontrei a solução. Uma melodia simples, quatro acordes no máximo, e um sentimento foi embora. Mas, olha! De novo... uma canção de amor. Pra quem? Não era isso, não eram aquelas palavras de um coração partido que me representava, contudo... contudo meu coração se aliviou.
E foi intercalando, ora poesia, ora melodia. Anos assim. Até que um dia eu já era diferente, minha rotina, meus desafios, minhas glórias, meus sentimentos sobre mim. Tudo era diferente. Antes eu escondia cada poesia e melodia que partia de mim, depois, num lugar que ninguém me conhecia, disse a todos:  - ei, eu escrevo poesia! E ao contrário de vaias e tubulações por uma arte existente de uma pessoa tão dura e cruel como eu, todos sorriam. Todos de lá sorriam. Mas a volta foi cruel e de um grito alarmante do que eu escrevia se tornou um sussurro.
Ok, vida segue. Vida seguiu sem que a poesia ou melodia me invadisse e tirasse coisas de mim. Sentei na frente do computador e escrevi um conto. Uma felicidade invadiu meu coração, pois, finalmente, aquilo realmente era meu. Podia escrever sobre o mundo e me acrescentar nele, acrescentar minhas paixões, minhas desilusões.
Mas, ao fim de mais esse ciclo poético me peguei pensando sobre minhas poesias e canções de
amor. Para quem era afinal, logo que não havia um alguém. Não existia uma terceira pessoa que partira meu coração. Foi aí que entendi que tudo que escrevi era para mim.
Eu estava me perdendo. Eu estava partindo meu coração. Eu estava me abandonando, me largando por coisas em vão, sem motivos. Eu estava me sufocando, gritando  por socorro e me puxando para o fundo do mar. Cada poesia de um coração partido, cada sentimento mal resolvido que a qualquer um que ler pensará que é para um outro alguém, era pra mim. O meu amor por mim estava acabando e eu crente que só tinha um coração apaixonado por ilusões.
Meu amor, meu próprio amor estava se perdendo e eu ignorei todas as suas indiretas e diretas, todos seus avisos, todas as suas manifestações, me dizendo: se ame! Você está se perdendo.
Eu me perdi acreditando que estava perdendo alguém de fora que nunca existiu. Eu perdi meu próprio amor, esse que hoje tento buscar, que hoje tento alcançar. Se eu tivesse ouvido seus chamados, será que minhas atitudes seriam diferentes? Se eu tivesse me aproveitado, me entendido, me dado o devido tempo. Se eu tivesse aprendido a nadar teria me afundado?
Estou no fundo do poço. Estou lutando para não me afogar, estou lutando para encontrar meu amor. Meu próprio. Estou lutando para me amar, para me declarar diariamente por mim, exclusivamente para mim e não, isso não é egoísmo. Isso é amor.

Estou tentando encontrar o amor que um dia perdi na minha ânsia de não perde-lo. 

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