Ela arrumou a mala, estava cansada de esperar atitudes de
quem não se importava. Pegou tudo que era seu, roupas, malas, sapato. Fez uma ultima
refeição e deixou a louça para que percebesse que ela não fica limpa num passe
de magica. Existe mãos para limpá-las.
Antes de sair, lembrou de pegar a escova de dente, a toalha
molhada, o batom na gaveta e deu uma
ultima olhada no espelho. Seus olhos estavam vermelhos, cara inchada, sem
maquiagem, cabelo preso num coque. Sorriu. Pela primeira vez se achou belíssima.
Se foi.
Na primeira semana tudo bem, muita raiva, muito choro pela
mudança bruta.
Na segunda semana já estava melhor. Já sem tanto ódio, se
pôs a raciocinar. Era realmente melhor o fim.
Na terceira semana uma angustia constante, ansiedade a cada mensagem,
a cada menção de seu nome.
Na quarta semana, passou a se perguntar por que não havia ligações,
cobrança de explicação. Por que não? Teria sido tão fácil?
Pelo visto sim. Pelo visto era o que esperava que ocorresse.
Pelo visto ela tinha amado mais, bem mais. Ou amado diferente, bem diferente. Pelo
visto não sentia a sua falta e nem se angustiava por falta de ligação ou
mensagem, ou pela simples menção de seu nome. Pelo visto não doía tanto, como doía
nela. Pelo visto nunca tinha existido duas pessoas vivendo uma vida junto, mais
uma pessoa vivendo a vida de duas.
Nas semanas seguintes resolveu seguir. Esquecendo de tudo um
pouquinho de cada vez, até um dia não fazer mais sentido algum
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