Crônica: Quarta-feira


Ela levantou cedo, mas pouco lhe importava a hora. Já tinha um tempo que havia aprendido a desobedecer despertadores. Ficou mal por dias devido a isso, não mais do que o simples fato de não conseguir dormi na hora certa. Apesar de tais horários ela não tinha mais que 25 anos, o que piorava os debates internos entre a velha de 80 anos que vivia em si e a jovem de 25 que esperava viver mais.
Sentou na cama e olhou em volta, muita bagunça e pouca vontade para organizar. Assim também estava seu coração, não tinha mais chão para pisar e isso lhe atormentava “e ainda não são nem 09 da manhã”, falava.
“Será que todo mundo se questiona assim?” Não sabia responder, a vontade louca de perguntar a toda pessoa que passasse por ela na rua, se ela também tinha crises existências, que se perdia dentro de si por horas a fim, era tão grande que apertava o coração. “Não é possível que somente eu durmo tendo crise e acordo sem nenhuma resposta”.
Os dias estavam assim agora, pela a manhã a crise de acordar mais um dia sem propósito, simplesmente sobrevivendo, tendo que se alimentar. Pela hora do almoço a crise de saber que vai engordar por não se alimentar saudável, pela tarde a crise de não ter feito nenhum exercício físico e não ter lido nada, a noite antes de dormir a crise de mais um dia que se passou sem grandes avanços.

Contudo,

A pesar de tudo,

No fundo, 

ela sentia que estava fazendo o que deveria fazer. Por que naquele momento ela não precisava avançar materialmente, em posses e desposses, mas sim, dentro de si. Ela já estava cansada de velhos assuntos sobre que para ser feliz tinha uma formula certa, testada, viável, analisada, como um remédio para doentes. Ela estava cansada de velhos paradigmas, de velhos conceitos de si mesma e por isso ela se questionava, pois, queria se conhecer.
Ela estava cansada do velho mundo que habitava em si e agora estava partindo para outros planetas, asteroides, quem sabe até chegar ao B612.

Comentários

  1. Muitas das vezes me perguntava da mesma maneira é me cobrava sempre porq de sentir tanta vontade de vencer a caminha é meu corpo não reagia da mesma vontade ainda tenho muitas brigas entre o corpo e a minha mente

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    1. As vezes acho que será um debate eterno esse, infelizmente. Mas entre essa briga entre corpo e mente a gente uma hora entende onde está o equilibrio. São duas demandas muito grandes, com vontades próprias e parece que a gente é um terceiro setor nisso tudo. Mas somos um só...
      Obrigada pelo comentário, me fez reler esse texto de tanto tempo e perceber que ainda há esses debates aqui!

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  2. O melhor texto que eu li em meses. Você me definiu e pois em palavras tudo que eu sinto sem ter nada do que realmente está me deixando assim ,você é incrivel querida. Obrigada por me dizer que sou normal esse é mais um avanço pra seguir em frente. Obrigada

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    1. eu fico imensamente feliz que este conto tenha chegado a ti, mostra que algo eu fiz de certo ao contar o que se passava por dentro

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