Ela estava
sentada perto da janela, violão do lado para tocar, mas nenhuma letra vinha a
sua mente e ela não queria forçar nada. Resolveu colocar uma playlist para
inspirar, contudo, a musica que tocava tirou ela de sua órbita e a levou pra
qualquer futuro.
Não era o futuro dela. Era um
futuro imaginado, mal cogitado e cheio de falhas, embora ela pensasse em cada
instante, como cada pessoa que ela tinha imaginado tinha chegado àquele
encontro.
Ela imaginou até o mesmo os
sentimentos.
Na imaginação ela estava indo para
uma festa, “uma festa não, eu não vou a festa. Muito improvável, melhor um bar.
Um bar eu iria num sábado... sábado não, numa sexta”, pensava ela, tudo se refazia.
E lá estava ela num bar, numa
sexta.
Com toda a certeza o amor da vida
dela estaria ali, uma cara que seria eternamente apaixonado por ela, que a
desejasse mais que tudo e que não imaginava sua cama e sua vida sem a presença
dela. “Talvez a gente tenha se conhecido no trabalho, a gente não se dava muito
bem, porém, depois de uma viagem forçada a gente começou a conversar”, tudo sua
imaginação, tudo muito perfeito.
Então, lá estava ela, num bar, numa
sexta, com um cara que ela era apaixonada e vice-e-versa.
“Alguns amigos nos encontraria?
Sim, eu ficaria sem graça por encontra-los e apesar deles me chamarem para
ficar junto eu preferia ficar com o cara que me encantava. Claro! Assim
funciona a vida, não?”
Então, lá estava ela, num bar, numa
sexta, com um cara que ela era apaixonada e vice-e-versa, alguns amigos a
encontraria, mas tudo que ela queria era estar somente com ele.
“Eu dançaria... tá bom, não
mesmo... Não, eu não me importaria de pagar mico enquanto eu estou com ele.
Estaria tudo bem porque nada mais me importaria: nenhuma opinião, nenhum
julgamento porque naquele exato momento ele estava sorrindo em aprovação pra
mim e eu sabia que ele queria ficar comigo”.
Então, lá estava ela, num bar, numa
sexta com um cara que ela era apaixonada e vice-e-versa, alguns amigos a
encontraria, mas tudo que ela queria era estar somente com ele. Ela pagaria
mico dançando, porém, nada importava porque ela sabia que ele estava ali.
Sorriu ao perceber que na verdade
não estava num bar, e não ser sexta, de não ter um cara por quem se apaixonar
ou que estivesse apaixonada por ela. Sorriu porque estava só, só em seu
apartamento.
Mesmo assim, mesmo estando só, não
era solidão que sentia. Estava tudo bem, tudo estava realmente muito bem.
“A minha imaginação já basta para
eu ser feliz”, ela imaginava.
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