“poxa, não tenho roupa para usar”


 Quem nunca falou: “poxa, não tenho roupa para usar” que atire a primeira pedra.
Mas longe desse texto ser tão banal, a nossa vida é complexa demais para a gente pensar que o que nos compõe é banal.
Por isso o assunto.
Para iniciar o debate, é preciso dizer que roupa é representação: de quem você é, do que você gosta e do que você não gosta.
Nós somos um quadro em branco e ela é uma das paletas de cores que podemos usar ou não.
Os meus questionamentos sobre roupa nasceram quando eu olhei as minhas e não me sentir bem.
Tinha cores que eu gostava, mas não queria usar, tinhas roupas folgadas e coladas, cropped, blusas simples até as mais complexas e eu não sentia como se eu as tivesse escolhido.
Esse é o ponto.
Tudo na vida tem que representar o que somos por dentro e não fazer o efeito contrário.
Olho minhas roupas e não me sentir ali, como se tudo fosse passado. Me deu um certo desespero.
E esses questionamentos já estão em outro patamar, além do processo natural de mudança que todo mundo passa.
Eu já usei saia sem nunca gostar, vestidos que não faziam meu estilo, blusas que não curtia e que a maioria segue no meu guarda-roupa.
Por que, então?
Aliás, por quem?
Por que eu não consigo simplesmente me desapegar e mudar meu estilo, ou simplesmente sair com as roupas que tenho logo que foi eu que as comprei. Por que essa falta de reconhecimento diante do espelho com algo que deveria somente me cobrir?
Claro que esse debate, como já disse, vai além. No momento eu sinto uma falta de identidade muito grande. A menina forte, raivosa, que gritava aos quatro vento o que queria ou deixava de querer e que no fundo chorava por questões simples da vida, está sumindo. E depois dela, que durante 23 anos disse quem eu era para o mundo, o que será dito agora?
Será que eu preciso dizer algo?
Processos de mudanças são muito difíceis, ficar nessa dualidade entre oque era e o que será complica e machuca muito. Se por um lado você acha que mudou, por outro ver que continua na mesma. E até que ponto isso é lógico?
De uma coisa eu sei. Estou tentando e aproveitando esse momento para que as reformulações aconteçam em seu próprio tempo. Me questiono tudo.
Já me desapeguei de brincos que não usava, maquiagem que usava para me esconder, do apego ao perfeccionismo do meu cabelo. Agora estou na fase de entender meu corpo e minhas roupas.
E você, em que fase está?

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