A gente passa por reflexos todos os dias, por vidraças de prédios, lojas, espelhos nos banheiros ou espalhados no shopping e ainda assim a gente não se percebe por inteiro.
A gente não tem noção do nosso caminhar e só quando estamos fatigados que percebemos que andamos rápido demais para chegar a lugar algum.
A gente não tem noção da nossa respiração e nos desesperamos quando ela sai do modo automático.
A gente não tem noção de nossa força que magoamos com palavras e gestos muito rápido.
A gente não tem noção.
E dentro disso, da rotina do dia a dia a gente se perde todo dia cada vez mais.
Engraçado como a gente deixa isso passar e  acaba se perdendo por dentro. Aí, quando resolvemos nos olhar, vemos que não há nada pintado dentro do nosso quarto interno, só manchas e mais manchas sem nenhum objetivo.
Olhar para nós é um gesto de amor, ao nos perceber enquanto indivíduos errantes, seres incapazes e capazes de muitas coisas conseguimos também olhar o outro sem tanto rigor. Ao olhar para dentro conseguimos ver o ser humano real que somos e assim entender que no mundo tem todos os tipos de pessoas, de gestos, de amores e que nós, em nossa capacidade mínima devemos só amar.

Amar só acontece quando se olha para dentro de si e para dentro do outro.



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