Por que chorar?
Uma respiração ofegante e parece que o ar não chega aos
pulmões e algo está literalmente entalado na garganta. Ela arde, doi. Sinto a
vontade de chorar e no fim nem duas lágrimas escorrem. Na mente, mil e uma
situações que me fariam chorar, mil e uma histórias que fariam qualquer um desabar, mas o choro
compulsório que eu tanto necessito não vem. E no meio tempo da caminhada do
trabalho até a parada eu me questiono: afinal, por que chorar? Motivos
aparentes não tenho, não briguei com ninguém, não fui humilhada e mesmo assim,
uma vontade imensa de simplesmente desabar em lágrimas, uma vontade que faz meu
coração acelerar, o corpo andar mais rápido, os olhos clamarem, a garganta agir
sozinha, mas nada vem. Mesmo agora, nada vem.
Dentre a escrita, a música na hora certa, palavras como
mensagens para modificar seu dia, o ato de chorar é o mais libertador. É a
minha melhor expressão do que se passa quando toda e qualquer letra já não diz
o que eu sinto. Eu já chorei tanto em ônibus lotados e ruas vazias que não
seria o medo de exposição que me impediria. Chorar libera algo que a gente não
entende, mas que de alguma forma vai embora e traz luz à coisas que nem sabia
que existia. Chorar é um ato de guerra contra todos aqueles que acreditam que
ser o dito forte entre todos jamais derruba uma lágrima. E mesmo acreditando
nisso tudo, nada vem.
Então, no fim, se resume que seja lá o que eu estiver
sentindo, seja lá o que for isso tudo aqui dentro, não está preparado para
sair. E olhando um pouco para trás, de outros momentos que eu simplesmente
estava nesse mesmo modo, carregando todo esse universo de olhos fechados, não
sei bem se cheguei a libertar seja lá o que for que vive em mim.
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