Quando lágrimas não aparecem...


Por que chorar?

Uma respiração ofegante e parece que o ar não chega aos pulmões e algo está literalmente entalado na garganta. Ela arde, doi. Sinto a vontade de chorar e no fim nem duas lágrimas escorrem. Na mente, mil e uma situações que me fariam chorar, mil e uma histórias que  fariam qualquer um desabar, mas o choro compulsório que eu tanto necessito não vem. E no meio tempo da caminhada do trabalho até a parada eu me questiono: afinal, por que chorar? Motivos aparentes não tenho, não briguei com ninguém, não fui humilhada e mesmo assim, uma vontade imensa de simplesmente desabar em lágrimas, uma vontade que faz meu coração acelerar, o corpo andar mais rápido, os olhos clamarem, a garganta agir sozinha, mas nada vem. Mesmo agora, nada vem.

Dentre a escrita, a música na hora certa, palavras como mensagens para modificar seu dia, o ato de chorar é o mais libertador. É a minha melhor expressão do que se passa quando toda e qualquer letra já não diz o que eu sinto. Eu já chorei tanto em ônibus lotados e ruas vazias que não seria o medo de exposição que me impediria. Chorar libera algo que a gente não entende, mas que de alguma forma vai embora e traz luz à coisas que nem sabia que existia. Chorar é um ato de guerra contra todos aqueles que acreditam que ser o dito forte entre todos jamais derruba uma lágrima. E mesmo acreditando nisso tudo, nada vem.

Então, no fim, se resume que seja lá o que eu estiver sentindo, seja lá o que for isso tudo aqui dentro, não está preparado para sair. E olhando um pouco para trás, de outros momentos que eu simplesmente estava nesse mesmo modo, carregando todo esse universo de olhos fechados, não sei bem se cheguei a libertar seja lá o que for que vive em mim.

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