Crescida do barro, filha das dores e mais dores, vejo que apesar de tudo que se passou hoje eu não levo a armadura de proteção que levava. Se eu deixar eu me perco. Se eu deixar, eu adoeço. Por isso durante todo o dia eu discuto velhos dogmas comigo mesma sob a pretensão de não me entregar. Nisso, me deparo constantemente lutando contra a minha raiva. 2020 inicia eu tentando a entender. A fonte da minha raiva está na ausência de amor e luz por dentro. Sem ambos eu cobro demais de qualquer pessoa que esteja e dos outros sentimentos que carrego. Eu espero o mal do mundo por só enxergar o mal que existe dentro de mim. Afinal, tudo começo por dentro.
A raiva quem produz sou eu.
Faz tanto parte de mim quanto do mundo.
É tão intensa quando obscuro.
Se esconde me enganado e aparece quando eu menos espero.
Me corroi por dentro, sem eu enxergar e vai destruindo onde há amor.
Eu a criei.
Dei comida quando tinha fome.
Dei até nome.
É nisso tudo que venho trabalhando. Ainda há muita revolta sem nome dentro de mim que eu não quero me apegar. E agora na quarentena eu faço de tudo para não me perder, para não destruir o que eu tenho.
Apesar de está com minha família, estou só comigo. E esse está só comigo tem que ser o melhor possível,uma construção de uma nova versão cada vez melhor.
Não posso me considerar ser uma cidadã do mundo sem habitar conscientemente em mim e da melhor maneira.
De 2017 a 2018 eu falava muito em me construir. Talvez agora é refazer os acabamentos finais e decorar para melhor viver.
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