A questão é que eu estou ligando o fato de ser mulher, de me sentir feminina com o cabelo grande. É uma face do machismo que em mim habita e se manifesta. Estou lutando contra o paradigma de que para ser bonita, tem que está dentro dos protocolos. Contudo, é difícil. Difícil se enxergar longe de todo esse estereotipo de que ser mulher tem que usar saia, usar maquiagem, ter cabelo grande e traços e trejeitos delicados.
Eu vivo de força e resistência, todos os dias.
Apesar de todos os dias eu está modificando minhas referências femininas, diversificando meus conteúdos e quem eu sigo seja em redes sociais, seja na vida existe uma carga pesada dizendo jogando em mim que não é o suficiente.
Isso são novos processos dentro da desconstrução, daquelas internas, mas tão internas que você não entende bem o caminho que está seguindo para se modificar.
E volto ao espelho, espelho meu.
Ultimamente tá sendo meio dolorido me olhar fisicamente, ainda me sinto incomodada. Esse também é o encontro que eu espero ter comigo, assim como tive há anos atrás.
Essa Simone de 2020 é passado, uma versão que demonstrou seus defeitos e erros. Me vi em buracos fundos e a indagação constante: quem eu sou? quem eu quero ser? Teve dias que eu me olhava e não conseguia ver no reflexo no espelho a verdadeira face de quem eu era.
A autoestima abalada e autoconfiança negada. 2020 me tirou um amor que estava tanto no físico quanto no íntimo.
Eu quero me desconstruir para bem viver e olhar no espelho e saber que estou lutando para ser o meu melhor, a mulher que gostaria de ser.
Talvez eu ainda esteja com traumas de 2020 que sabe Deus quando vão sair, mas sei que irão embora logo mais.
E eu espero me encontrar: por dentro, por fora, por mim.
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