Mas hoje...

O que há por dentro é difícil de dizer.

Existe uma revolta, uma indignação e acima de tudo isso: tristeza e dor. Em 1888 acabou a escravatura e nesse último verbo tem que colocar muitas aspas.

O brasileiro não entendeu o fim da escravatura. Não foi uma consciência conjunta, uma reflexão, um despertar que fez a Lei Áurea. Foi muita luta e muita pressão comercial. Claro, perder dinheiro ninguém queria.

Contratar dignamente pessoas que trabalhavam na lavoura, também ninguém queria.

Por ser apenas mais uma negociação de mãos brancas, no papel estava escrito a libertação, mas no olhar não.

Os corpos marginalizados de antes são os mesmos de hoje; as agressões de antes, são as mesmas de hoje; a dor de antes, é a mesma de hoje; os assassinatos de antes, são os mesmos de hoje. Não existia o direito de chorar suas mortes antes, nem mesmo hoje.

O mundo mudou: criou armas; criou guerras; criou tecnologia; criou casas, edifícios; criou carros, motos e outros meios de transporte.

Criou até leis... Mas não obedeceu nenhuma.

E na mudança, foi incapaz de olhar para seu passado e aprender com ele. Na verdade, grita: ANTIGAMENTE ERA MELHOR.

Hoje é mais um dia. Mais um dia para gritar pelo o direito de se estar vivo. Pelo simples fato de existirmos com dignidade.

Dignidade foi tudo que se pediu antes, e é tudo que pedimos hoje!

Comentários

  1. Fomos colonizados por escravagista seria por isso esse olhar? Por isso não nos libertarmos? Será que sairei deste mundo sem ver isso acontecer de fato?

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