Ao sair de mim, percebo estar no mesmo lugar


Não sei se espero uma mudança da água para o vinho. Se no fundo for realmente isso, já deveria ter desistido pela quantidade de vezes que olhei o copo e o liquido estava transparente. Mas eu me justifico: estou cansada de mim. Você por acaso já se sentiu assim? 

É aquele sentimento de que, por mais que você se distancie de si mesma, você não sai do lugar. É como trilhar sempre os mesmos passos, fazer o mesmo caminho. Já tenho decorado as árvores e os cantos dos pássaros, nada me encanta mais.

E, junto disso tudo, há uma vontade de querer ser diferente, agir diferente e, principalmente, sentir diferente. Eu realmente queria que alguns sentimentos fossem embora de mim, fossem habitar outros lugares, sobraria mais espaço... para quê eu não sei. Admito que sou um tanto acumuladora.

E nessa confusão entre se vê no mesmo lugar, fazendo os mesmos caminhos, sonhando os mesmos sonhos, eu percebo que há uma bagunça interna, tão interna que eu tenho medo do que encontrar.

E é isso: medo. Não de fazer outros caminhos, de sonhar outros sonhos, mas do que eu não sei. Só há medo.

No podcast Mano a Mano, episódio com a Taís Araújo e Lázaro Ramos, Mano Brown fala rapidamente sobre a quantidade de vezes que ele buscou estar em outros lugares e ser quem ele não era, mas que se não fosse isso ele não teria saído do lugar. Eu sou o contrário: já me forcei em vários lugares, em ser quem não sou e toda vez que olho para mim, que eu me sinto, vejo que permaneço igual. É a mesma cara de 10 anos atrás, são as mesmas dores de 10 anos atrás.


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