Na última semana estava conversando com um amiga do curso de inglês quando começamos a falar dos problemas sociais de pessoas pobres do Distrito Federal e entorno e, claro, a grande dificuldade de acesso ao ensino público.
Sim sim, profundo demais, né? Parece até tema de TCC.
A questão é que enquanto conversávamos outra pessoa que não conhecíamos participou da conversa. Pegamos os três o mesmo ônibus e no final da primeira parte da nossa trajetória pra casa, percebi a desesperança da minha fala e a desesperança do olhar dele.
Nesse momento cheguei a duas conclusões:
Eu não estava só em minhas dores;
Eu era incapaz de ajudar aquele ser com qualquer palavra, eu também estava no fundo do poço.
Essa desesperança é cruel. Olhar para o tanto que você estuda, se mata, se dedica todos os dias e não ver isso fazendo nenhum efeito em nossa sociedade é, sim, desesperador. E quando, no meio do caminho, encontramos alguém com um olhar tão triste quanto o nosso as coisas mudam de percepção. Não é apenas a sua dor, não é apenas com você.
Há um encontro de sentimentos que ninguém quer realizar, um entendimento de mundo que ninguém quer ter.
De modo geral, queremos que as pessoas ao nosso redor nos conte como a vida é bela e ela conseguiu tudo que queria com esforço e dedicação, mas eu sou incapaz de afirmar nessa sociedade racista, machista e preconceituosa que basta um pouquinho de tempo para que as coisas melhorem. Eu já não tenho tempo, está tudo preenchido com milhares de trabalho, estudo e sono. Eu ando tão cansada que nem sei como eu saio do lugar.
Eu queria muito pedir desculpa ao jovem que estava na minha frente, dizer que ele ia sim consegui tudo que estava se dedicando tanto. Mas eu não posso, a única coisa que eu posso dizer é que eu vou continuar tentando para conseguir quase no fim o que muitos conseguiram antes de nascer.
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