Crônica de uma habitante - ep. 9

Claramente eu não sei lidar com os fins. Para ser bem sincera, nem com os começos. Parece sempre uma grande reformulação interna em ter que me despedi de algo e ao mesmo tempo iniciar o novo, talvez seja por isso que me modificar por dentro seja uma tarefa tão grande.

Como simplesmente abandonar aquilo que eu fui um dia sobre o pretexto de iniciar uma nova jornada por dentro? 

Não tem uma resposta certa, fora o fato que a gente só vai. Tão natural e complexo como foi um dia aprender a falar, andar, ler, estudar, ser amigo ou qualquer outra coisa. Viver é esse misto de ir e vir, encontrar e desencontrar. Tropeçar, cair e depois se reerguer, nem que seja pela força do ódio.

Um detalhe importante sobre tudo isso, eu sempre me coloquei numa posição de ser a pessoa que não muda por nada neste mundo, que vive sempre as mesmas experiências e que gosta de tudo no lugar. Engraçado que, dentro dessa afirmativa, eu já mudei meu cabelo inúmeras vezes, já mudei de emprego e profissão, já escrevi, cantei, publiquei. Já mudei de amizades, já cair e sabe Deus como me levantei. Já inclui sertanejo, pop, funk dentro da playlist de rock e me vi em inúmeras versões de mim mesma. Fazendo sempre da procura, um encontro com um alguém novo que habita em mim e está cada vez mais livre para ser. 

Apenas ser.

Volto a dizer, a gente vai: com medo, com choro, joelho doendo e muitas vezes sorrindo. Mas nunca entendendo ao certo os passos que damos.


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